Diálogos
Quando se escreve sobre algo abstrato, é difícil até mesmo começar o texto. Quando o texto fala sobre felicidade, isso se torna mais difícil ainda. A felicidade pode ter muitos significados e, principalmente, muitas origens. Mas a conversa que tive nos últimos dias - tal que me levou a escrever este texto - me forçou a tentar deduzir o que seria a felicidade de estar com alguém.
Dizia um amigo, antes era simples, você achava uma pessoa especial, gostava dessa pessoa e pronto. Quando foi que tudo começou a ser tão complicado? Então, dizia outro amigo, o problema é que hoje uma coisa adquiriu pedestal. Tal coisa se chama liberdade. Liberdade individual, talvez fosse um termo mais compreensível ao caso porque, com essa mania individualista que a modernidade traz, tudo se tornou individual - digo individualismo não necessariamente na forma egoísta. Hoje cada um tem sua liberdade. E estar com alguém significa pô-la em risco. Digo, ainda, que é fato: sem liberdade não há felicidade.
Daí outro alguém diz, você deve encontrar alguém pra ser mais feliz. Então eu digo, felicidade não se pega do outro. Felicidade não se busca no outro, não se rouba. Felicidade se tem antes e é compartilhada depois. Felicidade se troca por felicidade. É como imaginar um viajante que chega de passagem a uma aldeia e traz consigo uma mochila nas costas. Há receptividade e festa se o viajante traz proveito em sua mochila - pode ficar o tempo que desejar. Caso esteja de mochila vazia, procurando enchê-la aonde chega, não dura muito em qualquer lugar.
Sabe quando você é feliz de verdade quando está com alguém? E eu concluo a conversa, quando você já é feliz antes e a outra pessoa também. E, então, há uma troca de felicidades.
Por Rennan Augusto
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